Review | FAIRY TAIL
Desenvolvedora: Gust
Publicadora: Koei Tecmo
Gênero: RPG
Data de lançamento: 29 de julho de 2020
Preço: R$ 319,00
Formato: Físico/Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Koei Tecmo
Revisão: Davi Dumont Farace.
Baseado na obra de Hiro Mashima, Fairy Tail é um RPG desenvolvido pela Gust, empresa mais conhecida por seu trabalho na franquia Atelier. Aproveitando a estrutura já consolidada da série das alquimistas, os desenvolvedores adaptaram trechos marcantes próximos à reta final do mangá e anime. Com o lançamento de Fairy Tail 2 se aproximando agora em 2024, aproveitamos a oportunidade para mergulhar nessa colaboração inesperada, mas curiosa, de 2020.
Uma adaptação para jogo
Iniciado em 2006 e terminado em 2017 (embora haja uma continuação atualmente em andamento), o mangá Fairy Tail teve uma longa duração com 63 volumes e muitos arcos de história. A obra foi um dos grandes sucessos da Weekly Shounen Magazine da Kodansha, que também serializa Hajime no Ippo, Namorada de Aluguel e Blue Lock.
Adaptada para anime e múltiplos jogos ao longo dos anos, Fairy Tail conta a história de um grupo de magos que fazem parte da guilda homônima. Utilizando vários poderes diferentes, eles têm como missão ajudar a população realizando tarefas variadas, que vão desde encontrar gatinhos na rua até derrubar criaturas e criminosos poderosos. A história se centra especialmente na figura de Lucy Heartfilia, que usa chaves celestiais ligadas às constelações, e Natsu Dragneel, um dragon slayer de fogo, tendo também destaque para Gray (criação de gelo) e Erza (invocação de equipamentos).
Apesar do nome sem nenhum subtítulo, o RPG da Gust já começa em um ponto bem avançado da trama. Em um curto prólogo, o jogo adapta os eventos da Ilha Tenrou (que ocupa os capítulos 200 a 253 do mangá) e já partimos para um “time skip” que desemboca no arco dos Grandes Jogos Mágicos, que ocupa a maior parte da trama aqui. Depois dele, é coberto o arco de Tartaros, que vai até o capítulo 417; e ainda há um epílogo para cobrir alguns dos capítulos posteriores e amarrar a experiência antes do arco final do mangá, que será adaptado este ano em Fairy Tail 2.
Com isso, o jogo cobre uma grande quantidade de eventos da série, mas idealmente o jogador já precisa ter uma base sobre quem são os personagens já que a história já começa em um ponto bem avançado. Também é importante ter em mente que o jogo acaba tendo que fazer vários cortes, então a trama segue os eventos principais a grosso modo, mas detalhes mais específicos podem ser diferentes.
Reerguendo a Fairy Tail
Sem entrar em muitos detalhes para evitar spoilers, o ponto que o jogo cobre da história envolve um esforço de reerguer a guilda Fairy Tail. Após voltar da ilha Tenrou, os membros precisam fazer com que a guilda volte a ser reconhecida como uma das grandes de Fiore.
Para representar esse elemento, o jogo conta com um sistema de avaliação da guilda e precisamos realizar quests para melhorar nossa posição no ranking geral. Inicialmente, podemos fazer apenas missões de baixa relevância e aos poucos vamos aumentando a nossa reputação. Em alguns momentos, somos obrigados a ter um valor específico de ranking para avançar a história, mas durante a maior parte do tempo essas tarefas são opcionais.
Com o tempo, também temos várias funcionalidades a desbloquear na guilda. Após chegar em certos pontos da história, podemos também fazer upgrades para as nossas instalações gastando dinheiro e coletando novos itens. As melhorias permitem aumentar a experiência ganha por aliados não-ativos, o ganho de “Bond Levels” (pontos de afinidade entre os personagens que afetam o combate), o ganho de itens, o número de inimigos que podemos atrair usando “Link Hunt”, os valores de velocidade e sorte, entre outros benefícios.
Em particular, destaca-se a possibilidade de melhorar as “lojas” que há dentro da guilda. Podemos aumentar a qualidade dos equipamentos chamados Lacrima que são produzidos com os materiais que obtemos na exploração, comprar itens consumíveis na lojinha da Lisanna ou aumentar o repertório de bebidas com efeitos para a equipe da Cana.
Além de todas essas funcionalidades, podemos liberar mais aliados jogáveis ao realizar as “histórias de personagem” interagindo com eles quando possuem um símbolo de estrela na cabeça. Além dessas missões, temos ainda momentos especiais de interação que são liberados conforme jogamos repetidamente com combinações de aliados.
Com tudo isso posto, trata-se de um RPG com realmente bastante recurso e conteúdo, o que faz jus ao apelo da série. Infelizmente, apesar disso, quando falamos da campanha principal, temos uma estrutura bem rígida e monótona focada de forma muito estrita em seguir os eventos centrais da trama sem explorar possibilidades alternativas ou dar ao jogador mais maleabilidade de vivenciar os momentos.
Além disso, demora para que o jogo abra certas funcionalidades, o que pode deixar os trechos iniciais ainda menos empolgantes. Isso não afeta a qualidade de vida, que conta com recursos excelentes como níveis de dificuldade, a possibilidade de pular totalmente a animação em combate, skip e log para os diálogos, possibilidade de cancelar missões e o retorno imediato à guilda se o jogador quiser ao terminar uma tarefa.
Ainda destaco que os textos em inglês possuem alguns erros de digitação e escrita, embora eu não tenha notado nenhum particularmente grave para o entendimento. E o jogo acaba deixando transparecer uma restrição de orçamento com vários personagens secundários relevantes que nem sequer tem modelos 3D ou suas vozes, um corte de gasto que infelizmente acaba sendo muito óbvio.
Dominando o campo de batalha
Fairy Tail é um RPG baseado em turnos que usa um esquema de posicionamento para definir o alcance de ataques. Os inimigos são posicionados em um grid 3×3 e os ataques de cada personagem atingem zonas de acordo com uma configuração específica, que pode ser uma linha reta, uma cruz, pontos espaçados, etc. Ter isso em mente é uma das bases mais importantes para poder planejar adequadamente os ataques.
Ao todo, podemos ter até cinco personagens na equipe, mas a quinta vaga só chega a ser liberada em um ponto avançado da trama. Além disso, boa parte da experiência de montar equipes é limitada por questões de contexto, com um esforço para respeitar o cânone da história e algumas missões secundárias que exigem formações específicas.
Curiosamente, embora haja um “ataque básico”, a maior parte das batalhas envolve focar na lista de magias porque a diferença de força é gritante. Como o MP dos personagens é alto e restaurado toda vez que aumentamos de nível ou voltamos para a guilda, essa opção sem custo acaba sendo inútil na maior parte do tempo.
Um ponto complicado das batalhas é a indicação de dano antes de escolhermos um ataque. No menu, temos uma barra que indica o “poder” de um ataque e símbolos para mostrar se há pelo menos um inimigo fraco ao golpe. Porém, alguns ataques possuem o mesmo valor, mas a quantidade de dano que causam é bem diferente, especialmente quando temos que enfrentar apenas um inimigo (como um boss).
Outro fator a ter em mente no combate é que os inimigos possuem intenções de ataque indicadas claramente. Com isso, podemos tentar proteger um aliado específico que sabemos que tomará mais dano, alterando a área de alcance do nosso ataque ou optando por um golpe cujo valor elemental é mais forte contra esse inimigo.
Ainda temos dois fatores especiais que são o Awakening e a Magic Chain. O primeiro é uma barra individual que é preenchida toda vez que um personagem toma dano e, com o tempo, permite transformar nosso mago em uma forma temporária mais poderosa, recuperando um pouco de HP e MP no processo. Já a Magic Chain é uma barra do grupo preenchida por todos os ataques realizados. Uma vez carregada, podemos usar ataques em equipe que acertam todos os inimigos em campo causando altas quantidades de dano e até mesmo ganhamos mais experiência se utilizarmos isso para finalizar o combate.
De forma geral, é bastante satisfatório entender todos os detalhes da gameplay e explorar todas as técnicas de cada personagem, cujos repertórios vão se modificando e ampliando com o tempo, além de ser um processo até mesmo intuitivo graças a um bom uso da interface. Para melhorar a situação, temos ainda uma trilha sonora de alta qualidade, como usual da Gust, com músicas cheias de energia e uma excelente escolha de instrumentos para criar aquela atmosfera de fantasia medieval mágica que se encaixa perfeitamente com a série.
Indo além da Glória e da Alegria
Fairy Tail é um RPG baseado em turnos que consegue ter uma ótima representação da mágica de Fairy Tail com sua ambientação, trilha sonora e especialmente os múltiplos recursos da guilda e do combate. Mesmo com seus defeitos, como uma estrutura rígida da campanha principal (especialmente antes da reta final) e um nítido corte de gastos, o resultado ainda é algo facilmente recomendável, especialmente para quem já conhece o universo de Hiro Mashima.
Prós
- Combate em turnos repleto de recursos interessantes de se explorar;
- Fora da batalha, a guilda oferece vários recursos que complementam a experiência de forma significativa;
- Ferramentas de qualidade de vida ajudam a manter a experiência prazerosa no longo prazo;
- Trilha sonora de alto nível, cheia de músicas empolgantes para embalar os combates.
Contras:
- A estrutura da trama acaba seguindo uma fórmula monótona e rígida demais em prol da fidelidade;
- A indicação de força dos golpes é bem ruim;
- Ausência de modelos 3D ou vozes de alguns personagens secundários, mas relevantes para a trama;
- Pequenos erros de digitação e escrita em inglês.
Nota Final:
8,5
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